Se pudesse mudar de profissão, o que escolheria?
Uma internauta fez esta pergunta em um grupo no Facebook recentemente e a
maioria respondeu que não estava feliz na sua profissão ou gostaria de ter
seguido outra carreira.
Pesquisas apontam que na
Europa, 60% dos profissionais escolheriam uma carreira diferente se
isso fosse possível e, nos Estados Unidos, o nível de satisfação com o trabalho é dos mais piores que se tem registro. Aqui no Brasil,
segundo a consultoria multinacional de recursos humanos Right Management, 48% dos
brasileiros estão insatisfeitos com seus trabalhos.
Enquanto isso, o site Continue Curioso conta, por meio de
curtos vídeos, as histórias de pessoas que buscam ser felizes com suas
ocupações.
"Nossa ideia não é filmar exclusivamente quem foi atrás
dessa satisfação fora das empresas", afirma Julia na Mendonça, uma das
idealizadoras do site, "mas também quem encontra soluções não
convencionais para realizar o trabalho em que acredita".
Quais
impulsos nos mobilizam?
Em primeiro lugar o impulso pela sobrevivência, como
alimentação, moradia, vestimentas, etc. Algumas pessoas procuram um emprego
para suprir essas necessidades e só. São as pessoas que vendem suas horas ou
“alugam sua força de trabalho”. Segundo o senso comum, essas pessoas tem baixa
autoestima, não buscam a realização e pensam no trabalho apenas como um
salário. Do outro lado temos as pessoas escolheram uma profissão, escolheram
seu próprio trabalho, com uma remuneração condizente e fonte geradora de satisfação. Para essas
últimas o trabalho além de suprir a sobrevivência como vimos acima, também é
fonte de prazer.
Correto? Não! errado.
Poderia ser uma afirmação correta, porém o conceito de trabalhar
por prazer, gostar do que faz é muito atípico e não se pode generalizar que as
pessoas que trocam sua força de trabalho por um salário não apreciem esse
trabalho ou têm baixo autoestima.
A verdade é que temos pessoas satisfeitas e insatisfeitas
nas duas pontas.
Nossa
relação com o trabalho
Existe a crença passada de geração para geração de que
trabalho é algo penoso, árduo, quase um castigo.
“Ganharás o pão com o
suor do teu rosto”
“quem trabalha muito
não tem tempo para ganhar dinheiro”
“trabalho árduo e
penoso”
De onde vem este conceito?
Na época da colonização, inteligente e bem sucedido era quem tinha escravos para fazer qualquer trabalho , inclusive o doméstico. Filmes que retratam a idade média mostram a
nobreza desfrutando de festas e banquetes enquanto escravos ou a classe
operária trabalhavam.
Temos também o significado da palavra “trabalho” que vem do
Latim – tripalium - e significa castigo. O tripaluim era um instrumento romano
de tortura para escravos, que originou a palavra tripaliare, ou seja,
torturar alguém no tripaluim. Até hoje linguistas discutem se a palavra
trabalho, que se originou do tripaliare está relacionada com quem era torturado ou quem torturava!
Quem é quem na tortura do tripaluim
pouco importa, o que importa é que
ainda hoje enxergamos o trabalho como um sacrifício, como um castigo,
antagônico
ao prazer, a motivação e a alegria, ideia hoje bastante incentivada para
que funcionários felizes tenham um bom desempenho, apesar que, para 90%
das pessoas, alegria é a sexta feira quando
finaliza a "tortura" de cinco dias!
E quando
isso muda?
No filme Amor sem Escalas o personagem Ryan Bingham, vivido
pelo ator George Clooney, ao demitir um funcionário, observa que no currículo
deste profissional existe uma formação em Arte Culinária Francesa e aproveita a
chance para amenizar a demissão com a pergunta: “Quanto te pagaram para desistir dos seus sonhos?”.
Ryan Bingham conseguiu convencer o funcionário recém demitido desta nova perspectiva de vida, o que ele chama de "renascimento" e pergunta: "quando iria parar e voltar a fazer o que te faz feliz?" Imagine uma pessoa trabalhar durante 40 anos para depois fazer
o que gosta..ou pior, nunca fazer!
As
relações humanos com o trabalho mudarão quando exorcizarmos as crenças
passadas de geração em geração, quando o conceito de amar o que faz não
for apenas mais uma estratégia ou modismo de livros de administração
para tornar as pessoas mais produtivas, incentivadas com palestras,
treinamentos motivacionais ou teorias ocas.
Existem várias questões a serem abordadas nesta discussão que ultrapassam as estratégias de motivação.
Em uma sociedade cada vez mais capitalista, onde se cobra do ser humano mais o ter do que o ser, fica complicado em alguns casos, falar em escolher o trabalho por amor e prazer ou tentar motivar pessoas descontentes com suas profissões.
Se juntarmos as crenças passadas, de que trabalho é algo penoso, com as crenças atuais de que você tem que ter cada vez mais sucesso financeiro, talvez possamos entender porque tantas pessoas estão infelizes em suas profissões.
Nem uma injeção de motivação todos os dias na veia, nem coaching, palestras ou treinamentos vai fazer uma pessoa que não gosta do que faz, ganhando bem ou não, sendo executivo ou operário, ser feliz e trabalhar com prazer. Geralmente ela vai continuar trabalhando com o sentimento de obrigação, fazendo o básico que a função exige.
A ideia de escrever este artigo com um assunto já tão discutido, surgiu na faculdade, esta semana, quando eu estava tomando um café e peguei um folheto que divulgava a abertura do concurso para agente do INSS com um salário de 4.000,00 quanto o mesmo folheto também mostrava informações sobre o concurso para professores com o salário inicial de 1.500,00.
Existem várias questões a serem abordadas nesta discussão que ultrapassam as estratégias de motivação.
Em uma sociedade cada vez mais capitalista, onde se cobra do ser humano mais o ter do que o ser, fica complicado em alguns casos, falar em escolher o trabalho por amor e prazer ou tentar motivar pessoas descontentes com suas profissões.
Se juntarmos as crenças passadas, de que trabalho é algo penoso, com as crenças atuais de que você tem que ter cada vez mais sucesso financeiro, talvez possamos entender porque tantas pessoas estão infelizes em suas profissões.
Nem uma injeção de motivação todos os dias na veia, nem coaching, palestras ou treinamentos vai fazer uma pessoa que não gosta do que faz, ganhando bem ou não, sendo executivo ou operário, ser feliz e trabalhar com prazer. Geralmente ela vai continuar trabalhando com o sentimento de obrigação, fazendo o básico que a função exige.
A ideia de escrever este artigo com um assunto já tão discutido, surgiu na faculdade, esta semana, quando eu estava tomando um café e peguei um folheto que divulgava a abertura do concurso para agente do INSS com um salário de 4.000,00 quanto o mesmo folheto também mostrava informações sobre o concurso para professores com o salário inicial de 1.500,00.
Agora é a hora da sua reflexão.
O que te move para o trabalho?
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