Dando
continuidade aos artigos "A Culpa é do Gerente” e "O que os Grandes
Gerentes fazem?” baseados em uma pesquisa desenvolvida pela Gallup, neste artigo
vamos falar como esses profissionais lidam, retém e desenvolvem os talentos.
Talento,
segundo o etologista Robert Ardrey, é um acidente de nascimento; são padrões
recorrentes de pensamento, sentimento e comportamento. A palavra
‘talento’ tem origem no Cristianismo, através da Parábola dos Talentos.
Nessa parábola, um homem entrega cinco talentos (uma moeda corrente) para um
dos servos, dois para outro servo e um talento para o terceiro
servo. Os dois primeiros investiram o talento e dobraram seu valor enquanto o
terceiro, guardou sem conseguir nenhum lucro para o seu amo. A moral
da parábola é que o talento deve ser usado e expandido.
Para
entender o talento, vamos usar como exemplo, um teste com um excelente
enfermeiro e outro mediano. O excelente e o mediano aplicaram a
mesma injeção em 100 pacientes e embora o procedimento fosse o mesmo, as
pessoas sentiram menos dor com o excelente. O que ele fazia melhor do que seu
colega? Tinha uma técnica especial? Tinha a mão mais firme? Usava agulhas
especiais? Nada disso.
O
enfermeiro mediano afirmava ao paciente que “não se preocupe, essa injeção não
vai doer nem um pouquinho” enquanto o excelente dizia “ Isso vai doer um pouco
mas não se preocupe, aplicarei com cuidado.”
Perceberam?
O melhor enfermeiro usava o talento do relacionamento e da empatia e isso, para
o paciente era mais confortador.
Cada
talento no seu quadrado
A
questão nem sempre é encontrar o talento, mas o lugar certo para ele. O
profissional tem talento para vendas? Não é suficiente coloca-lo em vendas sem
saber como ele irá atuar. Se for um vendedor da IBM, por exemplo, esse
profissional deverá gostar de desafios e possuir habilidades para
“forçar” uma venda tendo o talento da negociação, já um vendedor da Merck,
deverá ser um influenciador, usando o talento da paciência e do relacionamento.
Os
grandes gerentes tentam combinar o talento com a função e essa capacidade
de prestar atenção às diferenças sutis, também é um talento que os gerentes
devem ter.
O
melhor meio de ajudar um funcionário a desenvolver os seus talentos é
encontrar uma atividade onde ele possa utilizá-lo.
Talento
para todas as funções
Um
grande engano é achar que talento só existe em cargos de nível alto. Se você se
pergunta: “Como alguém pode querer fazer esse trabalho?”, precisa rever seus
filtros e seus conceitos. Se você também acha que para trabalhos de “nível mais
baixo”, pode contratar qualquer pessoa e com um treinamento básico tudo será
resolvido, pois acha que essa pessoa vai querer uma promoção, continue revendo
seus conceitos. Um garçom talentoso pode ser um péssimo supervisor, um vendedor
de varejo pode continuar sendo um excelente profissional por anos e anos porque
tem talento para tal. Camareiras de uma rede de hotéis, devido ao talento,
fazem toda a diferença para os clientes.
Os
grandes gerentes selecionam pessoas de acordo com a função a ser desempenhada,
sem pensar que estes estarão loucos para buscar uma promoção e sair desse
trabalho “penoso”. Exatamente por essa visão distorcida, temos péssimos
profissionais no atendimento no varejo, nas operações de telemarketing e afins.
Quantos
operadores de telemarketing perdem a paciência com clientes, atendem mal
humorados e com descaso? Esta é uma prova que para qualquer função, é
necessário ver algo a mais no momento da contratação. Nem com treinamento todos
os dias, uma pessoa adquire o talento para o atendimento a pessoas.
Como
encontrar talentos?
A
pergunta correta seria “que tipo de talento minha empresa precisa?”.
Nos
anos 90 as duas maiores empresas de corretagem dos Estados Unidos saíram em
busca de corretores e embora o perfil que estavam buscando fosse o mesmo, cada
empresa se organizava de forma diferente. Enquanto uma delas era totalmente
estruturada e oferecia meses de treinamento, a outra entregava aos corretores
uma lista de clientes potenciais e um telefone. Os corretores da primeira
empresa deveriam ter talento para a organização , disciplina e capacidade de
trabalhar sob constante supervisão enquanto a segunda empresa necessitava de
pessoas com talento para a independência, pois ele estaria sozinho para
realizar o seu trabalho.
Você
como gerente tem que saber que talentos necessita e olhar as pessoas além da
descrição do cargo, focando a cultura da empresa, como as equipes se organizam
e se relacionam. Pense em quem você é e se esse profissional combinará com o
seu estilo. A tática dos grandes gerentes para buscar talentos também é
conhecer profundamente seus melhores funcionários e buscar outros que tenham o
perfil semelhante.