quarta-feira, 18 de março de 2015

Segredos da Linguagem Corporal: A Cara da sua Expressão

As pessoas que assistiram ou acompanham até hoje a série Lie to Me, geralmente não sabem que a série foi baseada na vida e estudos do professor de psicologia da Universidade da Califórnia Paul Ekamn, que também é autor  do livro A Linguagem das Emoções, fruto de 40 anos de pesquisa. O personagem  Cal Lightman foi baseado em sua vida e trajetória. 

Esses 40 anos de estudos tinham como objetivo provar, ou pelo menos tentar provar, que expressões faciais são  universais, ou seja, que se em algum lugar remoto de uma ilha no meio do pacifico um homem, que nunca teve contato com outro homem de qualquer civilização, que nunca leu uma revista ou assistiu televisão, sentir ódio de seu vizinho, vai expressar os mesmos sinais de ódio na face de um londrino que mora em um apartamento em Greenwich ou um brasileiro que mora em Niterói, Rio de Janeiro.
Estamos falando de expressões faciais provocadas pelas emoções como raiva, alegria, tristeza, surpresa ou aversão. É claro que no estudo da Linguagem Corporal sabemos que alguns gestos são culturais como, por exemplo, um sinal positivo com o polegar que no Brasil é um sinal de que tudo está bem, na Turquia é uma cantada entre homossexuais. Outros sinais ou gestos são ilustradores, ou seja, acompanham a fala. É importante compreender que sendo as expressões faciais universais, podem ser observadas também em alguns animais. Um cão quando é repreendido e sente vergonha por ter arrancado uma planta do seu jardim, terá a mesma expressão, que uma criança repreendida ou alguém com vergonha. Observe as fotos do cãozinho e do Daniel Cravinhos no enterro do casal  Richthofen.

Myrian Mourão - Mhaya Treinamentos

A expressão e postura dos dois, cabeça, olhar para baixo,  significa vergonha, culpa ou remorso. A expressão de tristeza, ao contrário, está apenas  no rosto do irmão de Suzane.
O cãozinho pode ter quebrado o vaso ou mordido o sapato do dono, não sabemos exatamente o que fez,  mas quanto a Daniel Cravinhos sabemos agora  o motivo desta postura, que um olhar sem treino pensaria que era tristeza.

Myrian Mourão - Mhaya Treinamentos
A leitura das expressões e micro expressões faciais não é uma adivinhação, não requer poderes especiais ou apenas deduções como “ah, ele frangiu a testa, logo está preocupado!”.
A leitura das expressões faciais se faz por meio do estudo da musculatura do rosto, o que chamamos de músculo facial expressivo, e como toda essa musculatura vai mudando, transformando  a face, em cada  emoção. Também é necessário conhecer o contexto, a situação do momento da expressão para uma maior compreensão.
Uma sorriso pode ser falso, verdadeiro ou de tristeza contida, pode ser até de desprezo e as evidencias que distinguem um do outro são os músculos zigomático maior, zigomático menor, bucinador ou risório, além do contexto, é claro.
Por esse motivo quando especialistas em linguagem corporal fazem analises, quase sempre são baseadas em estudos científicos e anatomia e não em achismos.

Vamos ao exemplo:

No vídeo vamos observar a expressão e microexpressões, como elas mudam rapidamente e os significados, tendo como base os estudos de Paul Ekman descritos no livro "A Linguagem das Emoções." Na entrevista, Gugu Liberato pergunta para Suzane Richthofen: “Eram pais carinhosos?” Observe a reação:



Vamos observar em câmera lenta?



   
Assim que ouviu a pergunta Suzane usa os músculos zigomático menor, o orbicular da boca, para prender os lábios que ficam inclinados para cima, que pode ser controle da raiva ou de “prender” as palavras.



Myrian Mourão - Mhaya Treinamentos




Em seguida já começamos a notar uma expressão de desprezo, já se forma melhor um sorriso falso. Nesse momento ela até levanta a cabeça. Nenhum sinal de tristeza nos músculos frontal na testa (interna).
                          


Myrian Mourão - Mhaya Treinamentos



Nesta ultima imagem já podemos perceber sutilmente  a microexpressão de desprezo ou aversão  no músculo levantador do lábio superior. Sem sinal de tristeza na testa ou na boca.
Myrian Mourão - Mhaya Treinamentos


Podemos identificar a microexpressão, porém não sabemos a emoção que a ativou, mesmo porque Suzane não deu nenhuma pista ocular desta emoção. Ela não  movimentou os olhos para a esquerda (nossa direita) para buscar imagens dos pais e nem buscou sensações/emoções olhando para baixo.
Na sequencia da entrevista ela também faz várias expressões incongruentes que deixam claro que mente quando fala da mãe...mas isso será descrito em outro  artigo , com uma análise mais completa da entrevista.

Fica a dica!