Se o pensamento corrompe a linguagem, a linguagem também
corrompe o pensamento. George Orwell
A comunicação através da linguagem é a nossa
base de interação social. A linguagem torna nosso mundo interior ou nossa visão
desse mundo algo audível ou visível. Isso é excelente desde que não se crie mal
entendidos.
Roger Ellerton autor do livro ‘Live Your Dreams... Let Reality Catch Up’ afirma que: “Como alguém que recebe uma mensagem, é interessante
você perceber o que está pressuposto do que você supõe baseado na sua
interpretação através dos teus filtros, valores, crenças ou história de vida”.
É importante destacar que o conceito de território
da PNL também se aplica a linguagem, ou seja, o mapa (palavras) não é o
território (experiência sensorial).
Mas o que isso quer
dizer?
Em resumo: ao usar a linguagem para expressar
nossas experiências, outras pessoas vão interpretar essas experiências com base
na visão de mundo DELAS e não a sua.
Para que ocorra uma interpretação correta, neste caso é necessário o dissociar. Dissociar é ter empatia? Não. Ter empatia é tentar se colocar no lugar do outro. Dissociar é ver a situação de fora, é a terceira posição.
Para que ocorra uma interpretação correta, neste caso é necessário o dissociar. Dissociar é ter empatia? Não. Ter empatia é tentar se colocar no lugar do outro. Dissociar é ver a situação de fora, é a terceira posição.
Neste artigo vou focar nas Pressuposições Linguísticas e na Leitura Mental
com foco APENAS nos estudos da PNL e da linguagem hipnótica.
O que eu vou tratar neste artigo é baseado
nos estudos de Richard Bandler, Milton Erickson, Roger Ellerton, Joseph
O´Connor, entre outros.
PRESSUPOSIÇÕES (PNL)
Como funciona o
consciente x inconsciente na comunicação?
Observe a imagem.
Esta imagem da série Game of Thornes vai nos dar um exemplo de como o cérebro capta
as informações. A parte consciente do nosso cérebro vai prestar atenção na
personagem Cersei (Lena Headey) que esta suja
e sangrando, bem como na expressão de tristeza.
O resto, a parede branca, uma janela no fundo,
as duas pessoas que parecem soldados, a mulher de amarelo que grita, a mulher
que está com o braço levantado ou o homem a esquerda com os braços levantados fazem parte do
cenário e são captados pelo inconsciente.
Por esse motivo, as técnicas de colocar
marcas de produtos em um cenário dão certo. O consciente pode não captar em uma
cena em movimento, mas o seu inconsciente vai registrar e guardar, guardar e
guardar. Quanto mais vê essas imagens, mais vão se tornar comuns e amigáveis,
mas isso é tema para outro artigo!
As pressuposições
linguísticas são os cenários da fala.
São tudo que está por trás, paralelamente e
que completam o tema principal.
Mas atenção! As Pressuposições
Linguísticas são ideias, palavras que estão na fala e não o que você
supõe. Assim como o cenário da cena do nosso exemplo, as pessoas estão lá, os
guardas, a janela no fundo, o muro branco, etc.
Se fôssemos transformar a cena de Game of
Thornes em um texto a ideia central seria:
Mulher suja e sangrando com ar de tristeza.
Mulher suja e sangrando com ar de tristeza.
As pressuposições
seriam:
Dois guardas de verde
Mulher de amarelo gritando
Muro branco
janela no fundo
homem gritando levantando os braços
mulher de preto levantando o braço
Resumindo: as
pressuposições linguísticas são os cenários da fala/texto junto com a ideia
central.
Vamos supor que eu
escreva:
“Hoje quando levantei cedo, antes de tomar o
meu café e ler as noticias reparei que estava novamente sem energia elétrica”.
Os serviços estão cada vez pior no Brasil.
A ideia central na minha frase é a falta de
energia e que esses serviços estão piorando no Brasil, o resto, o levantar
cedo, tomar café, ler as noticias são as pressuposições, os meus cenários da
linguagem.
Então, as pressuposições são:
·
Levantei
cedo hoje
·
Tomo
café depois que levanto
·
Leio
as noticias de manhã
·
Estava
sem energia elétrica
·
Já
aconteceu a falta de energia em outras ocasiões (novamente)
E se alguém afirmar, após ler minha frase que eu sou bem informada sobre tudo o que acontece no mundo?
Se trata de uma leitura mental porque eu
posso ler apenas as noticias de celebridades!
Outro exemplo:
Uma pessoa fala:
“Hoje depois da minha corrida matinal, tive
vontade de sentar, tomar uma água de coco e observar o mar, mas tinha um
compromisso logo cedo com um cliente para decidir os rumos da empresa, então
decidi voltar para casa”.
Ideia central: Tinha um compromisso
logo cedo com um cliente
Pressuposições:
·
Corro
pelas manhãs (corrida matinal)
·
Onde
moro tem mar
·
Trabalho
em uma empresa
·
Atendo
clientes
·
Tive
um compromisso cedo
·
Gosto
de água de coco
E se eu falar que o
autor do texto é um empresário rico e que está em plena forma física?
Novamente estarei fazendo uma leitura mental,
tirando minhas conclusões.
As pressuposições
estão na frase, mas não quer dizer que sejam verdades.
As pressuposições também
podem ser inseridas na frase de tal forma que o interlocutor aceite de forma
inconsciente...assim como as propagandas nos cenários de um filme!!
Algumas pessoas que são hábeis em
comunicação, grande parte dos políticos ou palestrantes só se comunicam através
de cenários para trabalhar com o inconsciente das pessoas, isso porque, muitas vezes
o consciente é resistente, ele analisa a mensagem e rejeita, então por meio das
pressuposições é possível desarmar o consciente, implantar ideias sem que ele
perceba.
EXPLICANDO A LEITURA MENTAL
Ai que entra a leitura mental ou projeção de conteúdo.
Ao contrário
das pressuposições linguísticas que são ideias que estão na frase, a leitura mental é algo que não está na
frase, mas o interlocutor entende ou preenche lacunas da mensagem com conteúdos
próprios ou julgamentos baseados em suas crenças, experiências pessoais ou
culturais. É o "tirar suas próprias conclusões."
No segundo exemplo
acima seria leitura mental as seguintes conclusões:
- Ele
é saudável (porque corre todos os dias) - Mas nada na afirmação prova isso. Vai
ver ele corre todos os dias porque é cardíaco..
- Ele
está em forma – nada prova isso. Ele pode ter uma alimentação errada e ser
obeso.
- Ele
é rico (porque mora perto do mar) Oi? Onde se afirmou isso?
- Ele
é empresário – nada no texto afirma isso;
- Ele
tem uma vida mansa já que corre todos os dias de manhã – ele
pode ter horário flexível ou acordar mais cedo.
- Ele
é importante porque decide os rumos da empresa dos clientes – mas os rumos
podem ser com relação à empresa onde ele trabalha e não do cliente.
IMPORTANTE:
A leitura mental se
baseia em palavras ou ideias que não foram ditas ou inseridas, porém um texto
ou uma fala pode ser formulada de tal maneira que propositalmente possa gerar
diversas leituras mentais nas pessoas.
Vamos ver exemplos de
pressuposições linguísticas e de leitura mental?
“Quero te contar
sobre os desafios que vivi depois que ganhei meu primeiro milhão: aprendi muito
sobre o ser humano.”
Essa frase foi dita por Robert Kiyosaki autor
do livro ‘Pai Rico, Pai Pobre’.
Segundo Mauro Pennafort especialista em Neurociência,
Master em PNL e Hipnose Ericksoniana, em todos os cursos que ele coloca essa
frase como exemplo de pressuposições linguísticas as pessoas fazem leituras
mentais baseadas em suas crenças pessoais com relação ao dinheiro ou pessoas
ricas.
Ideia central:
quero falar sobre desafios
Pressuposições:
quero falar sobre desafios
Pressuposições:
- Ele viveu desafios
- Ele já ganhou seu primeiro milhão
- Acha que aprendeu sobre as pessoas
- Ele conheceu pessoas interesseiras. - Não foi dito isso! Geralmente quem tem crenças limitantes com relação a dinheiro faz essa leitura mental!
- Sofreu com falsidade. Ele também não falou em falsidades
- Dinheiro não trás felicidade. – Não foi dito na frase.
Para Milton Erickson e Richard Bandler em
terapias e coach as leituras mentais devem ser exploradas através de perguntas
para identificar os critérios que a outra pessoa utilizou para chegar a
determinadas conclusões.
Desta maneira, consegue-se chegar até as suas
crenças mais profundas e conseguir ressignificá-las.
Vamos usar o exemplo
acima e supor que uma das pessoas do curso do Pennafort tenha afirmado:
“Ele disse que
aprendeu sobre o ser humano porque conheceu pessoas interesseiras.”
Uma maneira de
explorar as crenças e ampliar o mapa da pessoa é perguntar:
“Como exatamente você sabe que ele conheceu pessoas interesseiras?”
Com uma pergunta assim a pessoa pode refletir sobre suas crenças.
“Como exatamente você sabe que ele conheceu pessoas interesseiras?”
Com uma pergunta assim a pessoa pode refletir sobre suas crenças.
A leitura mental, segundo Joseph O´Connor e
Sue Knight também é uma distorção na
qual você supõe o estado interno de outra pessoa ou supõe que a outra pessoa sabe o que vai no seu
intimo. Nas duas situações, você projeta seu mapa de mundo.
Agora observe essas
declarações:
“Percebi que você ficou o tempo todo de
braços cruzados e calado enquanto o cliente estava falando.”
“Percebi que você ficou totalmente irritado e
pensando mal do cliente enquanto ele estava falando.”
Uma dessas frases é
simples constatação e a outra uma leitura mental.
FALÁCIA DO ESPANTALHO
É quando a pessoa faz uma leitura mental muito distorcida da mensagem, para
tirar o foco do assunto principal, geralmente porque não tem argumentos. Essa maneira de fazer uma leitura mental distorcida é bem comum em discussões em
redes sociais principalmente em assuntos polêmicos.
É o
dar um significado diferente para o que a outra pessoa falou para atacar a
ideia criada/distorcida porque é mais fácil do que argumentar a ideia
principal.
As pessoas usam a técnica da Falácia do
Espantalho inconscientemente ou conscientemente.
Exemplo:
Em uma discussão sobre o casamento entre
homossexuais, alguém fala que não gosta do Jean Willys, um dos principais
defensores da causa gay:
“Acho a causa válida, mas não gosto da postura do Jean Willys”.
A outra pessoa usa uma leitura mental distorcida para criar
um espantalho e rebate:
“Então você não gosta do jeito dos gays
se comportarem. Você é homofóbico”.
Repare que a primeira
pessoa falou que não gosta da postura do Jean e não que não gosta do jeito dos
gays ou como eles se comportam.
No facebook é possível perceber que a maioria
dos debates acabam em leitura mental e na falácia do espantalho e todos nós
fazemos isso em maior ou menor grau, inconscientemente ou conscientemente,
Ricard Blander em seu livro ‘A Estrutura da Magia - Um livro sobre
Linguagem e Terapia’ alerta que a linguagem deleta, distorce ou generaliza
parte da nossa experiência, destaca alguns elementos e omite outros. Lembrando que na maioria das
vezes isso é feito inconscientemente. A pessoa que recebe a mensagem também
deleta, distorce ou generaliza de acordo com seus filtros e mapa de mundo.
Para tanto é aconselhável que o emissor da mensagem seja o mais específico possível e o receptor separe o que foi falado do que ele supõe.
Para evitar as leituras mentais distorcidas é
importante formular perguntas para o interlocutor ou considerar o que são as
pressuposições da mensagem da outra pessoa e o que são as suas suposições.
Vamos fazer um resumos do que foi dito aqui?
- Pressuposições Linguísticas são os cenários da fala/texto que acompanham a ideia central.
- Pressuposições pode ser elaboradas para influenciar
- Nem sempre as pressuposições são verdades
- Pressuposições estão na fala/texto e não são o que você supõe
- Leitura mental é o que você supõe em um texto/fala
- Pessoas podem elaborar textos/falas para gerar leituras mentais
- As leituras mentais dizem muito das crenças e mapas das pessoas
- A Falácia do Espantalho é uma técnica de distorcer uma mensagem, para atacar/debater a ideia distorcida e não a ideia original.