quinta-feira, 8 de maio de 2014

Todas as Entrevistas de Emprego são Iguais..




“Você já viu o filme BOPE? O que você acha da liderança do Capitão Nascimento. Acha uma liderança boa ou ruim?”

 Esta pergunta me pegou de surpresa e foi feita por um gestor em uma das minhas entrevistas para o cargo de instrutora de treinamentos de uma operação bancária.
A pergunta foi crucial porque ele adotava o estilo de liderança do personagem Capitão Nascimento e um instrutor para trabalhar na equipe precisava ter afinidades com ele. 

 Segundo o site de  empregos CareerBuilder, dois terços das empresas contrataram mal no último ano e gastaram de $20 a $50 mil dólares em contratações equivocadas. Na Zappos, a empresa gastou mais de $100 milhões em má contratação de executivos e atualmente está adotando a helocracia, se desfazendo da estrutura hierárquica tradicional de gerentes. Um dos principais motivos para essa má contratação é a pressa em preencher a vaga e muitas empresas estão pagando alto por isso também no Brasil. 

Em agosto de 2013  treinei durante vinte e quatro dias dez profissionais que passaram no processo seletivo para atuarem como especialistas em retenção de seguros de um grande banco. Em dezembro de 2013, apenas quatro ainda estavam no cargo e hoje, nove meses após a contratação e treinamento, somente dois permanecem na operação, porém foram realocadas para outra atividade. 

Quais são os bastidores da má contratação?

Pessoa errada no lugar certo pessoa certa no lugar errado

Durante o treinamento ficou evidente que alguns profissionais não tinham o perfil para retenção, o que se confirmou após os três primeiros meses. Alguns pediram demissão porque o trabalho não estava dentro daquilo que esperavam e outros foram demitidos.
Lembro que quando terceirizava o departamento de marketing da NTC Kmack, em uma das reuniões gerais, um dos gerentes pediu a demissão de uma colaboradora que estava atuando no departamento financeiro e que inclusive já tinha trabalhado na recepção sem sucesso. O diretor não concordou com a demissão e falou: “deve existir um cargo na empresa aonde ela vai se encontrar e ser produtiva”.
Três anos se passaram e essa profissional foi realocada para o Departamento Pessoal, fez curso de Gestão em RH e  em 2010 ocupou o cargo de gerente de RH.
Planos de carreira? 
Durante o treinamentos duas pessoas contratadas estava dispostas a permanecer seis meses na operação para, após este prazo, se candidatarem a uma vaga como instrutor de treinamentos ou na área de qualidade. Não conseguiram ficar nem três meses..
Será falta de foco e objetivos dos próprios candidatos?  
Uma pessoa mal aproveitada em uma função é um grande prejuízo para uma empresa e para a carreira desse profissional e a recíproca é verdadeira: quanto mais acertar, mais a empresa ganha. Uma boa contratação reflete diretamente em resultados positivos, melhorias no ambiente organizacional e aumento da lucratividade. Todo esse processo  de erros não é apenas responsabilidade do recrutador, muitas vezes da política da empresa.

Os exemplos reais que citei acima mostram que o que a empresa deseja em termos de perfil e competências de um profissional para determinado cargo, o que ela alcança, o que o próprio candidato quer e  a imagem que ele tem de si, nem sempre são as mesmas, mas existe o cargo certo para a pessoa certa.

 A entrevista

“Porque você se candidatou a uma vaga nesta empresa?”
“Quais são os seus defeitos e suas qualidades”? 

Muitos candidatos, ou pelo menos aqueles que participam de cursos, sabem exatamente o que o entrevistador quer ouvir, pois vários vídeos de dicas sobre as respostas certas já foram publicados no Youtube, inclusive pelo Max Gehringer, então é melhor rever seus conceitos sobre contratação ou pelo menos mudar o repertório de perguntas.
A maioria das pessoas costumam passar uma tinta brilhante pelos seus talentos para impressionar o entrevistador. As pessoas nunca são “agressivas” e sim “assertivas” e geralmente estão se candidatando a vaga porque "amam o que fazem".

Vejam o vídeo de um processo seletivo da Heineken:



Outra estratégia inovadora para entrevistas com profissionais de atendimento, por exemplo, é fazer uma parte da entrevista por telefone, pois desta forma o entrevistador vai sentir a mesma sensação que o cliente sentirá ao conversar com aquela pessoa. Ela transmite simpatia e empatia por telefone? É agradável? Demonstra alegria e interesse na voz? Tudo isso poderá ser avaliado além do contato pessoal, experiência e qualificações.

Se 90% dos entrevistadores tivessem habilidades em leitura de linguagem corporal, talvez fosse um ponto a favorecer na seleção. Para cargos de alto executivos, algumas empresas nos EUA, na Europa e algumas multinacionais no Brasil já adotaram a filmagem da entrevista para uma análise posterior. Muitos profissionais de RH acham um exagero, mas você contrataria um alto executivo sabendo que ele mentiu várias vezes durante a entrevista? Nas gravações e com um profissional certificado em leitura de Linguagem Corporal, identificar mentiras, gestos incongruentes é uma tarefa fácil.

“Você já viu o filme BOPE? O que você acha da liderança do Capitão Nascimento? Acha uma liderança boa ou ruim?”

A minha resposta foi:
"Acho que dentro daquela equipe, do perfil da equipe, era o líder adequado.”
O gestor estendeu a mão e falou: "Muito prazer, eu sou um Capitão  Nascimento".

Candidatos responderam que era uma liderança péssima, reacionária, etc.  foram descartados imediatamente.

Comentem! O objetivo deste artigo é o debate de ideias!

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